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A corrupção da inteligência

É comum que em toda família haja um membro mais jovem que é visto por todos como o mais promissor dessa. Há sempre aquela discussão entre os tios onde cada um deposita confiança maior em um ou outro sobrinho, por exemplo.  Geralmente isso é discutido não só em razão dos recursos materiais que facilitam o desenvolvimento humano da criança, mas a própria manifestação da inteligência que é evidente quando se acompanha de perto o crescimento dela. Quando o talento da criança é notório, até os vizinhos ou apenas os conhecidos da família a imaginam tornando-se uma grande pessoa.  A rápida aprendizagem de leitura e escrita, a facilidade em manusear objetos e mexer em computadores, a espontaneidade ao tratar seus semelhantes são fatores que alimentam a expectativa da família de ver um pequeno membro tornando-se o mais exemplar do “clã”. Acontece que essa expectativa muitas vezes é demolida rapidamente por contradições individuais ou tragédias exteriores ao sujeito. No caso da obra d...
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Resenha - As Nuvens, de Aristófanes

A clássica comédia “As Nuvens”, de Aristófanes, foi escrita por volta de 423 a.C, com o objetivo de fazer duras criticas ao novo estilo de educação que estava despontando em Atenas (O Sofista). Essa obra designa perfeitamente bem o lado asqueroso e trapaceador da espécie humana, que por sua vez está sempre buscando o caminho mais curto para chegar aonde deseja não importando as imoralidades necessárias a serem cometidas. Na história que é contada, vemos um pai colocando o seu próprio filho no caminho errado e ao mesmo tempo abdicando da sua responsabilidade de ser pai. A trama é iniciada pelo protagonista Estrepsíades, um morador da zona rural que se viu obrigado a mudar-se para Atenas por conta da guerra entre gregos e espartanos (Guerra do Peloponeso). Ele é pai de Feidipides, filho cuja personalidade o incomoda e o entristece.  Estrepsíades encontra-se numa noite muito perturbada, e não dorme direito pensando nas suas inúmeras dividas. Seu filho é apaixonado por cavalos, e Estre...

Resenha - O Banquete, de Platão

No diálogo O Banquete, de Platão, os personagens discutem o tema do Amor, mais especificamente a sua origem, a sua natureza, os seus efeitos na vida do homem, e a sua relação com o Divino. O valor dessa obra para o desenvolvimento da civilização ocidental é inestimável. As abordagens feitas pelos participantes são as mesmas que ainda hoje fazem parte do debate filosófico acadêmico. Mas, afinal de contas, isso não é novidade para quem é conhecedor do tesouro cultural e filosófico que foi construído na Grécia antiga. Todo leitor de Filosofia Clássica reconhece a grandeza dos escritos passados e admite que, são poucas as obras contemporâneas que chegam aos pés da magnitude dos escritos de outrora.   Ilustrando a riqueza intelectual da época, o diálogo se desenvolve num banquete, onde os convidados celebram a inédita vitória de Agaton no concurso tradicional do teatro grego. Para essa comemoração, Agáton convidou homens bastante importantes da sociedade grega, como Pausânias, Sócrate...